autobiografia
gosto principalmente de não fazer
nada, assim deitado de costas,
aguardo que as nuvens formem
letras por cima da minha cabeça
(cavalos, não! — se formarem
cavalos, fico logo irritado, mesmo
que chova em seguida); aprecio
principalmente os textos ritmados,
e se se trata de poesia, o soneto;
quanto ao conteúdo, que esconda
sob a singeleza aprofundada
reflexão; e a música, a composição
dos elementos para instrumentos
naturais, que seja harmoniosa e
com conteúdo formal; em suma,
aprecio boa música e boa literatura
(nada de modernices); também
gosto de melancia.
Carlos César Pacheco, desenvolve a sua atividade artística com recurso à escrita (prosa, poesia, poesia visual e poesia sonora), fotografia, vídeo (curta-metragem), performance e instalações.
Publicou dois livros (1995, 2022), participou numa antologia (2009), foi editor da revista Coiote (1996) e o impulsionador do movimento GRUA (1993-98).
No âmbito do GRUA, organizou e participou em várias intervenções e exposições multimédia-multiarte (Porto, Caminha e Penafiel, entre 1993 e 1998), com destaque para “111.101” (FCUP, 1994), “598.735” (Galeria Etnia, Caminha, 1994) e “Nomen 647.312” (Galeria Labirinto, Porto, 1998).
Foi autor da trilogia constituída por “Conferência Sobre” (1994), “1397-1643 Camões Quental” (1995) e “Contraforte 9.61” (1996), seguida de “Inutilidades Domésticas” (1998); obras multimédia-multiarte (performance, texto, leitura simultânea, colagens, música, vídeo, teatro, fotografia, instalações) apresentadas múltiplas vezes e em diversos espaços.
Entre as instalações, relevasse, “Pós-escrito à derrota de toda a metafísica” (1994) e entre as performances, “Cartas Comerciais Tipo” (2019).
Desenvolveu ainda alguma atividade editorial em conjunto com Rui Miguel Ribeiro, através da criação da “@gosto editores” (1995-1997) e colaborando nos anos seguintes com as “Edições Mortas” (1996-97), a “Associação Cultural A Vida” (1996-98) e a “Antígona” (1998-2001).
A partir de 1996, começou a transferir muita da sua atividade para a World Wild Web.
Entre as múltiplas colaborações que desenvolveu, destacam-se as seguintes: Jorge Almeida, Miguel F. Monteiro, Rui Miguel Ribeiro, Sérgio Pereira, Paulo Alexandre Monteiro, Jorge Saro, Paula Afonso, Júlio Henriques, David Saavedra, Alexandre Afonso, Patricia Eloy Guerreiro, Alberto Pimenta, A. Dasilva O. e César Figueiredo.
[atividade literária anterior]
“Os trabalhos e os dias” (CMP, 1989), “não há caminhos há que caminhar | há o caminho não quem o percorra” (Contragosto Edições, julho de 1995), “e n t r e a c t o” (@gosto editores, dezembro de 1995), exposições GRUA (1993-98), “Dias Claros” e “Contraforte 9.61”, revista Coiote (1996), “Inutilidades Domésticas” (Conferências do Maldito 1998), “Apocalipse de Carlos”, revista Utopia n⁰9 (1999), “Silêncio Maciço”, revista Utopia n⁰13 (2002), “Oito”, revista Vírus n⁰4 (2008), “Os dias do Amor” (Ministério dos Livros, Antologia de Poesia, 2009), “Apocalipse” (Edições Mortas, 2022) e diversas performances e leituras públicas (Casa Que Brada, 1994; FCUP, 1994; Galeria Etnia, Caminha, 1994; FCUP, 1995; 1/2 Laranja, Castelo de Paiva, 1995; FCUP, 1996; Galeria Labirinto, 1998; Pinguim, 2002; ROMP, 2006; Cadeira de Van Gogh, 2009; ROMP n⁰8, Musas, 2019; ROMP n⁰14, Gato Vadio, 2019).